14 de set. de 2012

Transcendentem veritatem: “Exaltatio Sanctae Crucis”.


Do latim cruce, cruz (†) corresponde simplesmente à figura geométrica formada por duas linhas ou barras (normalmente na horizontal e na vertical) que se cruzam em um ângulo de noventa graus, dividindo uma das linhas (ou ambas) ao meio.

Mas, a humanidade deu um significado degradante à forma em referência quando resolveu registrar sua crueldade e perversidade amarrando ou pregando seres humanos em um madeiro que se colocava transversalmente ao já criado stau-rós (que em grego significa “estaca reta” ou “poste”) que era uma “estaca de tortura” fixada verticalmente ao solo e preparada para o suplício dos condenados à morte.

A história conta que em Roma houve o tempo no qual os julgados culpados por algum “crime” eram fixados com cordas ou pregos em uma CRUZ e açoitados até a morte. Tal procedimento pretendia, de um lado, impor (mediante profunda humilhação) castigo físico e moral ao condenado e, ao mesmo tempo, alertar que o mesmo iria acontecer com todo aquele que cometesse “crimes” similares aos praticados pelo crucificado. Não deve ser deixado de mencionar, entretanto, que os corpos, atados às cruzes, ou antes disto, fixados nas estacas de tortura, não podiam ser enterrados haja vista que eram devorados ou por cães famintos ou pelos abutres.

Por contraditório que pareça, no dia 14 de setembro faz-se a “Exaltação à Santa Cruz” (Exaltatio Sanctae Crucis) quando se celebra a cruz como instrumento de salvação, fonte de santidade e símbolo da vitória sobre o pecado, a morte e o demônio. Chamava-se, no rito Romano, o “Triunfo da Santa Cruz”. Desta forma, paradoxalmente, mas envolvido em mistério ímpar, um instrumento cruel e degradante de tortura, passou a ser objeto de culto por uma enorme parcela da humanidade. Mas, aqueles que têm fé bem o sabem porquê. Pela cruz as trevas são repelidas e a luz retorna. O uso da cruz é uma declaração de fé e ao mesmo tempo uma forma de oração sem palavras.

Historicamente, a celebração evoca o fato do imperador Constantino ter mandado construir em Jerusalém uma basílica no Gólgota e outra no Sepulcro de Jesus, tendo a dedicação dessas basílicas sido realizada em 13 de Setembro de 335. Como no dia seguinte, 14 de setembro de 335, o imperador recordou ao povo o significado profundo das duas basílicas e mostrou o que restava do lenho da cruz onde foi crucificado Jesus de Nazaré, tal data passou a ser reconhecida como o “Dia da Exautação da Santa Cruz”.

Independente, então, dos significados possíveis, comemora-se, com festa, em diversas partes do mundo, o dia 14 de setembro como sendo o “Dia da CRUZ”.


Carlos Magno Corrêa Dias
Curitiba-PR, 14/09/2012