30 de set. de 2025

Mineração na Amazônia Azul.


A Amazônia Azul (o Mar do Brasil) é o vasto território marítimo brasileiro que abrange cerca de 5,7 milhões de km² e que corresponde a um potencial estratégico significativo em seus fundos marinhos. A exploração dos correspondentes recursos minerais leva o Brasil a um complexo debate que obriga o equilíbrio entre as oportunidades de desenvolvimento econômico e os desafios da sustentabilidade ambiental e geopolítica.

“O fundo do mar brasileiro abriga minerais cruciais para a transição energética e o desenvolvimento sustentável do país, alinhado com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). A capacidade de explorar e utilizar tais recursos pode ampliar a inserção do Brasil na ‘Economia Azul’ e fortalecer sua base industrial”.

O Brasil tem investido consistentemente em pesquisa e exploração ao longo das últimas décadas. Iniciativas como os levantamentos sistemáticos da Marinha e Universidades, e programas estratégicos como PGGM, REMAC, LEPLAC, REMPLAC e PROAREA, visam mapear e compreender de forma sistemática esses recursos. Tais projetos demonstram a importância de uma abordagem integrada na qual a Tríplice Hélice do Conhecimento-Inovação (formada pela Indústria, Academia e Governo) gira de forma sustentável gerindo bem os recursos oceânicos.

Mas, a mineração em águas profundas impõe grandes desafios, principalmente no âmbito ambiental. Os impactos potenciais dessa atividade são vastos e preocupantes. A exploração deve, portanto, ser precedida e acompanhada por rigorosas medidas de mitigação e monitoramento, baseadas em conhecimentos gerados tanto pelas Ciências quanto pelas Tecnologias.

Em paralelo, a exploração mineral marinha toca em complexas questões geopolíticas e de soberania. A disputa pelos recursos se dá tanto dentro da Zona Econômica Exclusiva (ZEE) brasileira quanto em áreas internacionais (AREA), cuja regulação é de responsabilidade da Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA). A atuação do Brasil nesse cenário exige a afirmação de sua soberania em sua ZEE e a participação ativa nas discussões internacionais para moldar um regime de exploração que seja justo, transparente e, acima de tudo, sustentável.

A riqueza mineral da Amazônia Azul representa uma faceta estratégica do Brasil, mas sua exploração demanda cautela. O caminho a seguir exige que o país continue a investir em conhecimento científico para entender os ecossistemas profundos, desenvolver tecnologias de mineração de baixo impacto e criar marcos regulatórios robustos que garantam a proteção ambiental e o benefício social e econômico.

Montagem a partir de Divulgação do Cembra - 2025
Cembra - 16 anos de história

A convite do Cembra (Centro de Excelência para o Mar Brasileiro) tive a oportunidade de assistir a palestra “Mineração na Amazônia Azul: Desafios e Oportunidades”, realizada em 24 de setembro de 2025, promovida pelo próprio Cembra, na qual se abordou as questões precedentemente consideradas.

Carlos Magno Corrêa Dias
30/09/2025