2 de mai. de 2025

Continua sendo aviltante morrer de fome.


Em abril de 2012 fazia observar que, conforme o Censo Demográfico de 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 35,5% dos Brasileiros ou “normalmente” não comiam o suficiente (9,2% da população) ou “às vezes” passavam fome (26,3% dos cidadãos); sendo que 64,5% da população do Brasil “sempre” comia o suficiente. Naquela época mais de um terço dos Brasileiros “às vezes ou normalmente” passavam fome. Um absurdo.

Depois de mais de dez anos ocorreram algumas melhoras e chegou-se, em 2023, a afirmar que “a maioria dos domicílios brasileiros apresentava Segurança Alimentar”. Mas, mesmo assim, parcela considerável da população do Brasil continuava enfrentando (graves) dificuldades de acesso regular e adequado aos alimentos.

Mas, sempre a Insegurança Alimentar, em qualquer nível, é uma questão social grave que impacta a saúde, o bem-estar e a dignidade das pessoas.

Embora a situação da Segurança Alimentar no Brasil tenha passado por flutuações os dados mais recentes do IBGE, referentes a 2023, mostraram uma melhora em relação a picos de Insegurança Alimentar observados em anos anteriores. Todavia, a situação sempre exigirá atenção constante. Enquanto existir um único Brasileiro passando fome, a Insegurança Alimentar está acontecendo verdadeiramente. Morrer de fome é destruir a dignidade humana na sua essência.

Segundo os dados de 2023 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) do IBGE constatou-se que:

(a) as pessoas em “Insegurança Alimentar Leve” eram aquelas que possuíam a incerteza quanto ao acesso aos alimentos no futuro ou cuja qualidade da alimentação já estava comprometida; grupo este constituído de cerca de 18% dos domicílios no Brasil;

(b) as pessoas que "às vezes" passavam fome eram aquelas que estavam em “Insegurança Alimentar Moderada” dado que possuíam uma redução na quantidade de alimentos consumidos e/ou constituíam grupos de adultos que deixavam de se alimentar para que as crianças tivessem o que comer; formava-se, então, o grupo das pessoas que foram privadas da alimentação em determinados momentos as quais somavam quase 9,5% dos domicílios;

(c) as pessoas que "sempre” comiam o suficiente ou aquelas que se encontravam em situação de “Segurança Alimentar”; ou seja, tinham acesso regular e permanente a alimentos em quantidade e qualidade adequadas; o que correspondia a 72,4% dos domicílios brasileiros (sendo o correspondente percentual de 64,5% em 2012).


DIAS, C. M. C. - 2025

É um absurdo, porém, que quase UM TERÇO do total de domiciliados do Brasil ainda sofra privação de alimentação em 2023. Mais grave ainda é que se tenha registrado que dentre os 27,6% afetados diretamente pela fome um total de 4,1% estavam em situação de “Insegurança Alimentar GRAVE”, ou seja, que viviam em situação de fome, morrendo de fome. É aviltante que homens possam atualmente diante de tanto desenvolvimento e progresso morrer de fome.

Carlos Magno Corrêa Dias
02/05/2025