Em abril de 2012 fazia observar que, conforme o Censo Demográfico de 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 35,5% dos Brasileiros ou “normalmente” não comiam o suficiente (9,2% da população) ou “às vezes” passavam fome (26,3% dos cidadãos); sendo que 64,5% da população do Brasil “sempre” comia o suficiente. Naquela época mais de um terço dos Brasileiros “às vezes ou normalmente” passavam fome. Um absurdo.
Depois de mais de dez anos ocorreram algumas melhoras e chegou-se, em 2023, a afirmar que “a maioria dos domicílios brasileiros apresentava Segurança Alimentar”. Mas, mesmo assim, parcela considerável da população do Brasil continuava enfrentando (graves) dificuldades de acesso regular e adequado aos alimentos.
Mas, sempre a Insegurança Alimentar, em qualquer nível, é uma questão social grave que impacta a saúde, o bem-estar e a dignidade das pessoas.
Embora a situação da Segurança Alimentar no Brasil tenha passado por flutuações os dados mais recentes do IBGE, referentes a 2023, mostraram uma melhora em relação a picos de Insegurança Alimentar observados em anos anteriores. Todavia, a situação sempre exigirá atenção constante. Enquanto existir um único Brasileiro passando fome, a Insegurança Alimentar está acontecendo verdadeiramente. Morrer de fome é destruir a dignidade humana na sua essência.
Segundo os dados de 2023 da
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) do IBGE
constatou-se que:
(a) as pessoas em “Insegurança
Alimentar Leve” eram aquelas que possuíam a incerteza quanto ao acesso aos
alimentos no futuro ou cuja qualidade da alimentação já estava comprometida; grupo
este constituído de cerca de 18% dos domicílios no Brasil;
(b) as pessoas que "às
vezes" passavam fome eram aquelas que estavam em “Insegurança Alimentar
Moderada” dado que possuíam uma redução na quantidade de alimentos consumidos
e/ou constituíam grupos de adultos que deixavam de se alimentar para que as
crianças tivessem o que comer; formava-se, então, o grupo das pessoas que foram
privadas da alimentação em determinados momentos as quais somavam quase 9,5%
dos domicílios;
(c) as pessoas que "sempre”
comiam o suficiente ou aquelas que se encontravam em situação de “Segurança
Alimentar”; ou seja, tinham acesso regular e permanente a alimentos em
quantidade e qualidade adequadas; o que correspondia a 72,4% dos domicílios
brasileiros (sendo o correspondente percentual de
64,5% em 2012).
É um absurdo, porém, que quase UM TERÇO do total de domiciliados do Brasil ainda sofra privação de alimentação em 2023. Mais grave ainda é que se tenha registrado que dentre os 27,6% afetados diretamente pela fome um total de 4,1% estavam em situação de “Insegurança Alimentar GRAVE”, ou seja, que viviam em situação de fome, morrendo de fome. É aviltante que homens possam atualmente diante de tanto desenvolvimento e progresso morrer de fome.
Carlos Magno Corrêa Dias
02/05/2025