Com grande pesar recebo a notícia do falecimento do Pracinha da FEB (Força Expedicionária Brasileira) Agostinho Gonçalves da Mota ocorrido no último dia 6 de setembro de 2022, na cidade de Campo Grande (MS), aos 97 anos de idade. Mais um notável herói nos deixa para a brilhar na Galeria dos Imortais.
DIAS, C. M. C. - 2022
Agostinho Gonçalves da Mota nasceu em Três Lagoas (MS) no dia 7 de maio de 1925 e iniciou seus estudos em 1931 como escoteiro na Escola 2 de Julho. Entre os 12 e 17 anos trabalhou em um açougue e em clube em Três Lagoas. No ano que completou seus 17 anos ingressou como voluntário no Exército do Brasil no então 18º Batalhão de Caçadores (18º BC) em Campo Grande. Em seguida foi transferido para Três Lagoas para integrar o 33º Batalhão de Caçadores (33º BC) quando recebeu a convocação para participar da Segunda Guerra Mundial. Embarcou para a Itália em 22 de setembro de 1944 no 2º Escalão da FEB para compor a Divisionária da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária (1ª DIE) no 11º Regimento de Infantaria de São João Del Rei (MG).
Nos sangrentos campos de batalha da Segunda Guerra Mundial Agostinho Gonçalves da Mota atuou entre 23 de novembro de 1945 até 17 de setembro de 1945 participando das determinantes batalhas de Monte Castello, Porreta Terme, Montese, Mazzarosa e da rendição da 148a Divisão de Infantaria Alemã em Fornovo di Taro (aquele que é considerado o mais notável dos feitos da FEB).
Depois da guerra, de volta ao Brasil, trabalhou confeccionando cortinas e fazendo caixões de defunto até que em 1948 começou a trabalhar na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) até se aposentar. Após a promulgação da Constituição Federal de 1988 o Pracinha Agostinho Gonçalves da Mota foi formalmente considerado ex-Combatente da Segunda Guerra Mundial e foi reformado no posto equivalente ao de 2º Tenente.
Em 1985 o Cobra Fumante Agostinho Gonçalves da Mota fundou a Seção Regional de Mato Grosso do Sul da Associação Nacional dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira (SR-MS/ANVFEB) e desde então foi eleito sucessivamente como Presidente da SR-MS/ANVFEB o que lhe rendeu o carinhoso apelido de “Ditador” como passou a ser conhecido e tratado na região. O FEBiano “Ditador” criou, também, o Museu da Força Expedicionária Brasileira em Campo Grande (MS), foi responsável por erigir o Monumento da FEB em Campo Grande (MS) e em Aquidauana (MS).
"Foi muito importante o que a FEB fez e tudo o que passamos na guerra. Isso não pode ser esquecido. Naquela época eu tinha 20 anos, me chamaram e eu tenho o maior orgulho de ter gravado meu nome na história. Não consegui terminar o ensino primário, mas tive muita experiência de vida e muito amor à causa do Brasil", enfatizou dada vez o Imortal Herói Agostinho Gonçalves da Mota.
Sempre com suas icônicas frases acompanhadas de inigualáveis gargalhadas o FEBiano Agostinho Gonçalves da Mota que, segundo ele próprio, sempre “estava 99,9% bem”, foi exemplo para os jovens e homem respeitado e estimado. Segundo gostava de afirmar “a guerra acabou, porque era o meu aniversário”. Com vitalidade invejável o “Ditador” dirigia seu automóvel mesmo com 93 anos de idade e até recentemente participava dos festejos natalinos da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos atuando como Papai Noel para alegria das crianças.
O veterano Agostinho Gonçalves da Mota, que fez a “COBRA FUMAR”, recebeu diversas homenagens e condecorações tais como a Medalha de Campanha da FEB, a Medalha Marechal Mascarenhas de Moraes, a Medalha do Mérito Força Expedicionária Brasileira, a Medalha da Vitória; sendo, também, Sócio Emérito do Instituto Histórico e Geográfico do Mato Grosso do Sul (IHGMS) e teve sua história contada nos livros “HERÓI DE DUAS GUERRAS - Jornada de um ex-combatente” (UFMS, 2006) e “FEBIANOS - Histórias e recomeços” (IHGMS, 2015).
Hurra! Hurra! Hurra! Salve, Salve! Salve COBRA FUMANTE Pracinha FEBiano “Ditador” Agostinho Gonçalves da Mota!
Carlos Magno Corrêa Dias
07/10/2022