14 de fev. de 2015

Poderemos ser apagados da história, evidências não faltam.


A História sempre foi uma “mãe” severa com aqueles seus filhos incautos que não sabem registrar e guardar adequadamente informações que venham provar a passagem destes mesmos filhos irresponsáveis pela Terra.

Informações guardadas em mídias de grande capacidade de armazenamento invadem constantemente o cotidiano. Mídias Magnéticas, Disquetes de 8 polegadas, Floppy-Disk, Disquetes de 5” ¼, CD-R, CD-RW, DVDs graváveis e regraváveis, Cartões de Memória, Pen Drives, Armazenamento Distribuído, Compartilhamento de Arquivos em Redes Locais, E-mail, Disco Virtual, Serviços de Hospedagem de Arquivos, Cloud Computing, Rede de Área de Armazenamento (Storage Area Network ou SAN) foram e são meios desenvolvidos para guardar os dados do contemporâneo. Todavia, alguns destas formas de armazenamento ou não estão mais em uso frequente ou deixaram, simplesmente, de existir.

Haverá o momento, também, que as portas USB deixarão de existir nos computadores mais modernos tal qual não existem mais nos computadores (de forma usual) aquelas (antes imprescindíveis) entradas para disquetes de 5” ¼, por exemplo. Quanta informação já se perdeu guardada em dispositivos não mais em uso? Quantas fotos (não impressas) não estariam armazenadas em um floppy-disk esquecido lá em uma caixa guardada por um familiar nosso?

Quantos são os antigos formatos de documentos ou apresentações criadas que não mais podem ser acessadas devido às versões atualizadas de softwares ou sistemas operacionais postos em uso para substituir versões menos potentes executáveis do passado?

De outro lado, são raras as empresas que sobrevivem aos cem anos de existência e várias das empresas não mais existentes não repassam, em geral, seus bancos de dados para outras, pois nem sempre são substituídas em uma linha de sucessão. Quanto conteúdo digital é perdido ano após anos devido à simples evolução dos computadores, dos sistemas de distribuição de informação, das formas de disseminação e de transmissão?

Nesta linha de raciocínio corremos, sim, o risco de deixarmos de existir historicamente por nos tornarmos incapazes de guardar (com as devidas precauções e segurança) o já criado. Corremos o risco de viver outro período das “Trevas do Conhecimento”, um descontínuo, um vazio na continuidade do desenvolvimento que nos obrigará a recomeçar novamente. A “mãe” História não cansa de ensinar a mesma lição e parece gostar de contínuos recomeços. Além do mais, é muito próprio da informação se perder.

Como os softwares e hardwares surgem e desaparecem na perspectiva da inovação e no mundo das possibilidades próprio das tecnologias em velocidade espantosa e quase imperceptível, não controlável, cada amanhecer é como se fosse uma nova era.

Se não desenvolvermos o hábito de guardar em museus ou em instituições apropriadas os equipamentos, os procedimentos e os meios de armazenamento das informações que produzimos de forma a sermos capazes de, no futuro, recriarmos ou reproduzirmos aquilo que já desenvolvemos, as futuras gerações encontrarão um vazio de possibilidades promovido pelo tempo. Muito terá que ser descoberto, inventado e desenvolvido mais uma vez, pois os caminhos já trilhados serão (apenas) apagados pela não apropriada guarda das informações.

Carlos Magno Corrêa Dias
14/02/2015