22 de fev. de 2013

Em Defesa do Usar, Copiar, Modificar e Redistribuir Conhecimentos.


Vez ou outra, com maior ou menor intensidade, oficialmente ou não, na Academia ou fora dela, ressurgem discussões sobre as questões relacionadas com o embate entre a utilização dos Softwares Proprietários e dos Softwares Livres. Não foi diferente quando dias atrás tratei do tema “O Conhecimento é da Humanidade” quando avaliava exatamente a questão e quando me posicionei sobre a necessidade de se entender que o “Conhecimento” (enquanto “organismo” compartilhado e produzido por sucessivas gerações) não tem um único dono e que pertence apenas à humanidade.

No que tange, porém, às batalhas ideológicas em questão, deixando de lado juízos de valor ou outras prerrogativas ditadas pelo arbítrio, incontestáveis vantagens existem quanto a substituir os Softwares Proprietários por Softwares Livres nos mais distintos setores sendo, talvez, a principal o fato de tendo-se em mãos o “código fonte” livre de restrições ou condições estritas é sempre possível utilizar, auditar, copiar, melhorar, modificar, adaptar e redistribuir o software para atender às necessidades específicas de um número cada vez maior de usuários. Tais graus de liberdade são, sem dúvida alguma, determinantes quando se pretende a disseminação dos correspondentes conhecimentos para todos aqueles que trabalham em dada comunidade seja ela corporativa ou não.


Uma outra importante vantagem na escolha pela utilização de Softwares Livres refere-se à confiabilidade, pois como muitos profissionais trabalham no “código fonte”, erros são mais rapidamente detectados e corrigidos, inúmeras avaliações são realizadas objetivando atingir maior desempenho e, na maioria das vezes, a disponibilização para uso geral somente é realizada após atingir-se a necessária estabilidade. Além do mais, os softwares livres não estão sujeitos às naturais pressões de mercado as quais obrigam importantes restrições nos softwares proprietários comerciais no que tange à disponibilização de novas atualizações e implementações.


Contudo, é importante destacar, também, a questão da socialização dos conhecimentos envolvidos na elaboração contínua (e infinita) dos Softwares Livres os quais, enfatize-se, jamais estarão prontos (concluídos definitivamente) e sempre serão melhores com o passar do tempo e com intensificação da utilização dada a legião de pessoas trabalhando para implantar melhoramentos e ampliar aplicações.


Mas, existem problemas, certamente. Inúmeras consequências são impostas no campo das indefinições. As posições antagônicas são defensáveis independentemente uma das outras. A razão escolhe seus apoiadores conforme os “valores” que se deseja aceitar ou que sejam condicionados pela compreensão.

Quais, por exemplo, seriam as contrapartidas frente às leis de mercado e aos requisitos necessários para a manutenção dos meios de produção? Em que medida são salvaguardados eventuais “direitos” que se poderiam considerar? Se não existe o aspecto mercadológico envolvido, como se garantiram apoios financeiros para os necessários desenvolvimentos?


Estas e outras tantas questões relacionadas apresentam respostas que obrigam mais e mais perguntas, muitas das quais sem quaisquer soluções também. Contudo, deve haver um ponto de partida, uma premissa inicial para iniciar a proliferação das conclusões. Neste sentido, a posição requerida seria aceitar o efetivo compartilhamento do conhecimento entre os homens que geram conhecimento para em conjunto produzir muito mais e com maior potencialidade e alcance.

Carlos Magno Corrêa Dias

22/02/2013