30 de abr. de 2023

E a COBRA FUMOU bem em 1944 e 1945.


Na época de formação da FEB (Força Expedicionária Brasileira) havia uma alusão “irônica” sobre a real possibilidade de participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial que pregava ser de todo "mais fácil uma cobra fumar cachimbo do que o Brasil participar da guerra na Europa".

DIAS, C. M. C. - 2023

Então, quando o Brasil declarou guerra às Potências do Eixo (Alemanha, Itália e Japão) e foi lutar nos sangrentos e miseráveis campos de batalha da Itália o lema de campanha dos Soldados Brasileiros não poderia ser outro a não se "A cobra está fumando" que se tornou, também, o símbolo oficial da FEB.

O Brasil se obrigou a entrar na Segunda Guerra Mundial tendo em vista que em agosto de 1942 submarinos alemães torpedearam diversos navios mercantes brasileiros provocando a morte de centenas de pessoas. Diante daquela afronta por parte dos alemães o povo brasileiro foi para as ruas exigir a declaração de guerra. Então, por intermédio do Decreto número 10.358, de 31 de agosto de 1942, o Governo Brasileiro reconheceu o estado de guerra entre o Brasil e as potências do Eixo.

Então, não com poucas dificuldades, os Soldados do Brasil, os Pracinhas, os COBRA FUMANTES, os FEBIANOS, aqueles que são os Heróis que ocupam a Galeria dos Imortais, não apenas participaram da Segunda Guerra Mundial como fizeram bonito lá e foram determinantes para o fim daquela monstruosa guerra sendo primordiais, também, para a grande vitória dos Aliados fazendo de fato a “COBRA FUMAR”.

A FEB constituiu uma Força Militar Aeroterrestre que foi integrada por 25.834 homens e mulheres que lutaram durante a Segunda Guerra Mundial ao lado dos Aliados na Campanha da Itália. A FEB ficou reconhecidas pelas tropas aliadas e, principalmente, pelo povo italiano pela sua atuação “revestido de honra e glória” cujas vitórias e o grande empenho a consagraram indiscutivelmente.

A sucessão de vitórias dos Soldados Brasileiros aliada ao aguerrido espírito ofensivo deram à FEB o reconhecimento de ter plenas condições para “ensinar outras divisões como se conquistava uma cidade”, conforme afirmou o general comandante do IV Corpo-de-Exército Norte-Americano.

Aquele mesmo general escreveu elogiosamente sobre o “honroso desempenho das tropas brasileiras” que a 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária (1ª DIE) da FEB estabeleceu com suas vitórias “... um padrão elevado que servirá para estimular todos os outros elementos de vossa divisão, quando chegar a oportunidade de lançá-los em novas ações de ofensiva ...”.

Formada pela 1ª DIE que foi uma Divisão de Infantaria completa e por uma Esquadrilha de Reconhecimento e por um Esquadrão de Caças da FAB (Força Aérea Brasileira), a força de guerra do Brasil obteve importantes vitórias amplamente reconhecidas e festejadas pelo mundo livre.

Cabe relembrar, também, que os Pilotos Brasileiros do Primeiro Grupo de Aviação de Caça (1º GAVCA, ou simplesmente “Jambock”) da FAB adotaram o lema “Senta a Púa” e foram responsáveis por diversos ataques vitoriosos contra alvos estratégicos alemães na Campanha da Itália na Segunda Guerra Mundial.

As tropas brasileiras lutaram unidas nas difíceis regiões montanhosas da Itália entre o fim de 1944 e o início de 1945 e a Batalha de Monte Castelo é tida como aquela que foi a mais difícil e principal batalha vencida pelos Soldados Brasileiros. Entretanto, entre os dias 29 e 30 de abril de 1945, os Pracinhas da FEB realizaram um feito sem igual durante toda a guerra ao forçarem a rendição total de cerca de mais de 20 mil soldados inimigos que possuíam em seu conjunto vários membros da temida 148ª Divisão de Infantaria (DI) do Exército Alemão a qual integrou a forte Wehrmacht (Força de Defesa) da Alemanha que era formada pelo conjunto das forças armadas da Alemanha durante o Terceiro Reich e o Exército, Marinha de Guerra, Força Aérea e tropas das Waffen-SS.

Segundo a história registra, aquela unidade alemã, conquistada pela FEB, foi a única a render-se integralmente durante as Operações no Norte da Itália.

Dias antes daquela importante rendição a ofensiva da FEB obtinha, no dia 14 de abril de 1945, a árdua vitória na Batalha de Montese a qual é considerada por especialistas a batalha essencial para retomada da Itália e para posteriormente ocorrer a vitória final dos aliados contra as tropas alemãs.

Após a vitória em Montese a FEB segue suas conquistas e em 22 de abril de 1945 toma a cidade de ZOCCA. Naquela trajetória ofensiva a 1ª DIE da FEB inicia a perseguição das tropas inimigas para o norte já no vale do rio PÓ. Nos dias 26 e 27 de abril os Pracinhas vencem em COLLECCHIO e no dia 28 ganham FORNOVO DI TARO. Com número menor de combatentes em relação aos alemães a FEB mantém o cerco ao inimigo em fuga e nos dias 29 e 30 força-o à rendição. Mesmo os alemães revidando o ataque dos Soldados Brasileiros com canhões os bravos FEBianos tomaram a 148ª DIVISÃO DE INFANTARIA e a 90ª DIVISÃO BLINDADA alemãs e mais a 1ª DIVISÃO BERSAGLIERI e a 4ª DIVISÃO DE MONTANHA “Monte Rosa” italianas. Um feito notável.

Assim sendo, a COBRA FUMOU no norte da Itália em 1945 (e muito bem por sinal).

Carlos Magno Corrêa Dias
30/04/2023