11 de abr. de 2023

Simlogneu 2023 trata de distúrbios cognitivos e neurológicos.


No último dia 10 de abril de 2023 durante o “Primeiro Simpósio de Lógica e Neurociência” (Simlogneu 2023) apresentei a palestra intitulada “LÓGICA DOS DISTÚRBIOS COGNITIVOS E NEUROLÓGICOS”.

DIAS, C. M. C. - 2023

Como o Simlogneu 2023 é o primeiro de uma série de conferências pretendidas expliquei no início de minha palestra que o objetivo dos simpósios será tratar assuntos científicos e acadêmicos relacionados com a associação (simbiose) entre a Lógica e a Neurociência visando a divulgação de estudos e pesquisas que abordam técnicas e procedimentos tanto para evitar quanto para mitigar as disfunções de ordem cognitiva e neurológica na mente humana.

Expliquei, também, naquele início, que a principal motivação para a existência dos Simpósios de Lógica e Neurociência foi a constatação assustadora que estão sendo gerados efeitos danosos na memória/mente das pessoas decorrentes da pandemia de Covid-19. É comprovado que o coronavírus está deixando um rastro de milhões de adoentados acometidos por sérios problemas de memória. Estudos recentes mostram que quase a metade dos indivíduos que tiveram a Covid-19 estão apresentando falhas cognitivas, principalmente, as associadas à perda de memória.

Em seguida qualifiquei o que se entende por “distúrbios cognitivos” no que tange às diferentes formas que a mente humana pode falhar gravemente quando alterações afetam diretamente a cognição ressaltando, de imediato, que um “distúrbio cognitivo” é um tipo de distúrbio mental que afeta centralmente as habilidades cognitivas do ser humano.

Em geral, o transtorno mental cognitivo (o distúrbio cognitivo) é um distúrbio de natureza psicológica que provoca problema no funcionamento normal das funções cognitivas básicas gerando importantes alterações na mente em diferentes níveis quanto à capacidade de entender e resolver problemas.

As disfunções promovidas pelos distúrbios cognitivos afetam sobremaneira tanto as funções cognitivas básicas ou primárias (atenção, percepção, memória, raciocínio) quanto as funções cognitivas complexas ou superiores (orientação, idiomas, habilidades práticas, funções executivas, capacidade de resolução de problemas).

Na sequência de minha exposição qualifiquei o entendimento sobre “distúrbios neurológicos” remetendo ao conceito padrão segundo o qual se aceita que as correspondentes disfunções são caracterizadas pelo desenvolvimento de alguma anormalidade no cérebro, medula espinhal, nervos ou terminações nervosas. Assim sendo, pode-se dizer, mais genericamente, que “distúrbios neurológicos” são doenças que acometem as estruturas do sistema nervoso e, portanto, são capazes de afetar a rotina e a autonomia dos acometidos com diferentes formas e intensidades.

O sistema nervoso do ser humano, dividido em central e periférico, é responsável pela transmissão de impulsos elétricos que determinam movimentos voluntários e involuntários do corpo comandados pelo cérebro que é o principal órgão do sistema. Havendo, então, em decorrência dos transtornos neurológicos desordens na formação dos comandos ou na sua transmissão; cabendo sempre observar que os acometidos (adoentados) não possuem qualquer forma de controle sobre o desenvolvimento dos mesmos.

Na sequência apresentei rápidas considerações sobre alguns tipos de transtornos neurológicos tais como: Transtorno Neurológico Infantil (Paralisia Cerebral, Epilepsia, Tiques, Distúrbio do Comportamento, Malformações Cerebrais, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), Transtorno do Espectro Autista (TEA)); Transtorno Neurológico Funcional; Transtorno Neurológico Degenerativo (causados por doenças degenerativas como Alzheimer, Esclerose múltipla, Parkinson, Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), Distrofia Muscular, Atrofia Muscular Espinhal (AME)); Transtorno Neurológico do Desenvolvimento (Deficiência Intelectual, Transtorno do Espectro Autista (TEA), Paralisia Cerebral, Dislexia); Transtorno Neurológico do sono.

Distinguido o entendimento sobre Distúrbios Cognitivos e Distúrbios Neurológicos pontuei considerações sobre a Neurociência (ou Ciência do Sistema Nervoso) no sentido de qualifica-la como a área do saber que se propõe a estudar cientificamente o sistema nervoso e suas funcionalidades de forma a ser tomada como uma ciência interdisciplinar que associa conhecimentos de outros setores como Anatomia, Antropologia, Ciência da Computação, Comunicação, Educação, Engenharia, Filosofia, Física, Linguística, Matemática, Medicina, Psicologia, Química, bem como LÓGICA.

Neste momento de minha palestra entrei no principal objetivo da apresentação que foi mostrar como a LÓGICA, ou mais especificamente a ENGENHARIA LÓGICA, tem contribuído com a Neurociência não apenas quanto ao entendimento das questões sobre os distúrbios neurológicos e cognitivos como, também, para o desenvolvimento de técnicas e metodologias que permitam a prevenção dos correspondentes problemas que podem ser gerados na mente humana decorrente daqueles transtornos.

As técnicas já usadas na Neurociência vão muito além de contribuições pontuais em estudos moleculares ou celulares de neurônios (biologicamente falando). Dada a extensão multidisciplinar da Neurociência o cérebro humano passou a ser mapeado de distintas formar sendo procedimentos analíticos fortemente empregados não apenas para entender o seu funcionamento como, também, para otimizá-lo ou para tentar corrigir (direta ou indiretamente) problemas que vão surgindo ao longo da vida das pessoas acometidas/adoentadas.

Já há tempos estudos lógicos centrados na Matemática e na Engenharia avaliam e promovem o desenvolvimento de redes neurais e de circuitos (sistemas) para o processamento analítico/formal de dados e informações para a geração de modelos artificiais de investigação (tecnologias) para auxiliar nas ações biomédicas/clínicas no tratamento ou prevenção dos vários problemas gerados por disfunções cognitivas ou disfunções neurológicas.

Como proponente fundador da Engenharia Lógica ressaltei, uma vez mais, estar a Engenharia Lógica embasada nos fundamentos da Lógica Formal (na Álgebra da Lógica e nos Cálculos Lógicos) e que, dentre seus vários objetivos, vem somando esforços para mais adequadamente compreender as disfunções cerebrais e para melhor potencializar as capacidades cognitivas, estudando, também, formas alternativas de recompor ou mitigar os declínios cognitivos e as maneiras de relacionamento cada vez mais estrito com a Neurociência.

Em geral a Lógica Dedutiva ensina, basicamente, que “alfa premissas levam a beta conclusões” pressuposto este determinante na Engenharia Lógica para se avaliar, também, a legitimidade e a consistência do pensamento (em quaisquer condições tanto de normalidade quanto em processos de perturbação ou em estágios degenerativos). Como em outras de suas aplicações a Engenharia Lógica detém procedimentos formais que permitem instituir o necessário estudo lógico (análise lógica) das condições iniciais dos distúrbios cognitivos ou neurológicos para mais adequadamente compreendê-los e propor soluções.

A Engenharia Lógica (também chamada de Engenharia Inferencial) teve seu início por volta da década de 1989 e começou a ser divulgada entre 1999 e 2001 quando publiquei as obras: “A lógica matemática enquanto agente transformador dos processos inferenciais em matemática superior” (ISBN: 85-900661-2-6); “Compêndios de matemática e lógica matemática: uma abordagem extemporânea” (ISBN: 85-900661-4-2); e, “Lógica matemática: introdução ao cálculo proposicional” (ISBN: 85-900661-3-4).

Como tenho defendido a Engenharia Lógica “objetiva transformações na forma de se pensar e de se estabelecer soluções para o mundo real. Entretanto, está centrada em Inferências Lógicas mantendo profundas relações de impregnação mútuas entre a Inteligência Lógica e o Engendrar Inferencial”

A Engenharia Lógica foi pensada para criar e desenvolver métodos e técnicas voltados para a avaliação e correção formal de raciocínios dedutivos estruturados segundo os pressupostos da Computabilidade (operacionalidade analítico-formal) dos Cálculos Lógicos para a geração de modelos formais de solução de problemas equacionáveis algébrica e logicamente visando (sempre) a validade de raciocínios dedutivos (desde que passíveis da correspondente formalização teórica).

A Engenharia Lógica se apropria de distintas técnicas formais de avaliação de processos dedutivos direcionadas para a aquisição de conhecimentos, utilizando métodos algébricos de gerenciamento sistemático de informações tomando por suporte os Cálculos Algébricos da Lógica Matemática Sentencial e da Lógica Matemática Predicativa de Primeira Ordem; seguindo, também, orientações prepostas pelas razões suficientes da Lógica Dedutiva Bivalente e Dicotômica originada lá na distante época da Filosofia da Antiguidade Clássica.

Encerrando minha apresentação fiz observar que a Engenharia Lógica (enquanto conjunto de procedimentos e conhecimentos centrados nos fundamentos lógicos, analíticos e necessários da Lógica Formal) tem permitido à Neurociência a investigação teórico-formal de quadros demenciais particularmente no que tange à evolução crônica das perdas cognitivas relacionadas às disfunções neurológicas. Salientei, também, que a Engenharia Lógica poderá auxiliar fortemente tanto a entender quanto a antever as causas de determinados tipos de demências mediante o desenvolvimento de modelos analíticos apropriados associados aos desenvolvimentos da IA (Inteligência Artificial); pois, necessariamente, “alfa premissas levam a beta conclusões”.

O “Primeiro Simpósio de Lógica e Neurociência” (Simlogneu 2023) foi promovido pelo Cenenlocog (Centro de Engenharia Lógica e Cognição) sob minha coordenação.

Carlos Magno Corrêa Dias
11/04/2023