2 de mai. de 2022

Da “guerra dos caipiras e caboclos” para a Galeria dos Imortais.


Sempre é com o maior pesar que se recebe a notícia do falecimento dos nossos valorosos Pracinhas da FEB (Força Expedicionária Brasileira) que combateram na insana e miserável Segunda Guerra Mundial. Assim, hoje é mais um daqueles dias tristes quando se fica sabendo da partida de mais um herói FEBiano. Aos 99 anos, Victório Nalesso, ex-combatente Itapetiningano passou a integrar a Galeria dos Imortais quando partiu no último dia 12 de abril deste ano de 2022.

Composição - DIAS, C. M. C. - 2022

Natural de Itapetininga (SP), nascido em 4 de julho de 1922, no bairro da Chapadinha, Victório Nalesso ingressou no Exército Brasileiro no dia 29 de fevereiro de 1944 no então 5º Batalhão de Caçadores (5º B.C.), em Itapetininga.

O 5º B.C. (atual 5º Batalhão de Infantaria Leve), Organização Militar de Corpo de Tropa do Exército Brasileiro, que se originou a partir do 12º Batalhão de Infantaria (instituído em 1888) permaneceu em Itapetininga de 5 de junho de 1935 até 31 de dezembro de 1947 quando foi declarado extinto. No 5º. B.C. se deu a formação de Reservistas Itapetininganos para o Exército do Brasil e onde foram selecionados trinta e quatro soldados para integrar a FEB. Victório Nalesso não apenas foi um daqueles escolhidos como, também, se apresentou como voluntário.

Em 22 de Setembro de 1944, o soldado Victório Nalesso, incorporado ao 11º Regimento de Infantaria, embarcava, junto com o Segundo Escalão da FEB, no navio General Meigs chegando em Nápoles no dia 6 de outubro daquele ano. Victório Nalesso retornou ao Brasil apenas em 5 de setembro de 1945. Dentre suas participações na linha de frente destacam-se as lutas travadas nas sangrentas batalhas de Monte Castello e Montese, bem como sua presença na formidável conquista de Collechio-Fornovo quando a 148ª Divisão Alemã Panzer se rendeu à FEB.

Victório Nalesso recebeu várias distinções tais como: Cidadão Honorário de Montese (Itália), Patrono da Turma “Sentinela dos Campos de Itapetininga“ dos Atiradores do Tiro de Guerra 02-076, Patrono do Portal dos Ex-Combatentes de Itapetininga, Membro Honorário do Instituto Histórico Geográfico e Genealógico de Itapetininga (IHGGI), Colaborador Emérito do Exército Brasileiro, Colaborador do Tiro de Guerra 02-068.

Recebeu, também, várias condecorações. Dentre elas destacam-se: Medalha de Campanha (Ministério da Guerra), Medalha da Vitória (Ministério da Defesa), Medalha Expedicionário (AECB-SP), Medalha Heróis do Brasil (ANVFEB-SBC), Medalha do Jubileu de Ouro da Vitória na 2º Guerra Mundial (AECB-RJ), Medalha General Plínio Pitaluga (AECB-Valença/RJ), Medalha Marechal Zenóbio da Costa (1º BPE), Medalha Tributo à Batalha de Montese (ABRAMMIL) e Medalha Aspirante Mega (ANVFEB-PE).

No livro “Itapetininga: Heróis Feitos e Instituições” (ISBN 978-85-65703-00–0), de 2012, a história de Victório Nalesso é contada no capítulo “Pracinha Victório Nalesso: verás que um filho teu não foge à luta”. Victorio Nalesso é co-autor da obra “Diário de um combatente: as recordações de um pracinha sobre a participação da FEB na Segunda Grande Guerra Mundial” (ISBN: 978-85-913218-1-0), de 2005, no qual a partir de seu próprio “Diário de Campanha” narra os horrores vividos no campo de batalha quando por várias vezes viu a morte bem de perto.

Em 31 de outubro de 2016, foi inaugurado o Museu Pracinha Victório Nalesso no Tiro de Guerra de Itapetininga em reconhecimento à dedicação do FEBiano Victório Nalesso aos valores da Liberdade e da Democracia.

Victório Nalesso depois da guerra trabalhou na lavoura por cinco anos, casou-se, teve três filhos, seis netos e sete bisnetos. De 1952 até 1975 trabalhou na Estrada de Ferro Sorocabana até se aposentar no cargo de Telegrafista pela FEPASA (Ferrovia Paulista S/A) empresa estatal paulista de transporte ferroviário de cargas e de passageiros que permaneceu em atividade de outubro de 1971 até maio de 1998.

O Pracinha da FEB costumava dizer que a despeito daquele luta monstruosa “Foi a guerra dos caipiras e cablocos, mas todos corajosos. A maioria vivia nas roças, longe das cidades que não eram tão grandes como hoje. Gente de todo interior de São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul”.

Como ex-combatente Victório Nalesso começou a receber um salário de Segundo Sargento somente a partir do mês de maio de 1980 e depois, com a Constituição de 1988, reformado, passou a perceber vencimentos no posto de Segundo Tenente do Exército Brasileiro por ter combatido na Segunda Guerra Mundial.

Enquanto civil Victório Nalesso dedicou muito de sua vida ao voluntariado participando ativamente na Conferência Vicentina (movimento leigo católico dedicado ao trabalho cristão da caridade) e na Conferência de Nossa Senhora Aparecida (movimento católico de leigos que se dedica à realização de iniciativas destinadas a aliviar o sofrimento do próximo).

Hurra! Hurra! Hurra! Salve, Salve! Salve! Salve Segundo Tenente Victório Nalesso! FEBiano Pracinha, um bravo, um COBRA FUMANTE que arrasou e fez a COBRA FUMAR. Seja Bem-Vindo à Galeria dos Imortais.

Carlos Magno Corrêa Dias
03/05/2022