A convite do Cembra (Centro de Excelência para o Mar Brasileiro) assisti, em 30 de abril de 2025, a palestra “Observação Oceânica Feita por Animais Marinhos” promovida, também, pelo próprio Cembra.
Centro de Excelência para o Mar Brasileiro (Cembra) - 2025
Reunindo pesquisadores e demais interessados em estudos sobre o ambiente marinho durante a palestra, por si só inovadora, foi destacado o potencial revolucionário da bio-telemetria e da oceanografia com o auxílio de animais como ferramentas cruciais para a compreensão dos ecossistemas marinhos.
Foi enfatizado como a tecnologia atual permite acoplar sensores minúsculos e não invasivos em diversas espécies marinhas (desde focas e tartarugas até tubarões e pinguins) para coletar dados ambientais à medida que os animais se movem por seus habitats naturais, incluindo temperatura da água, salinidade, profundidade e até mesmo informações sobre correntes oceânicas.
Diversas são as vantagens do método em referência sendo, entretanto, o mais importante, talvez, a capacidade de coletar dados em regiões de difícil acesso para equipamentos de pesquisa convencionais, como as profundezas abissais ou áreas polares remotas; conforme foi observado durante a apresentação.
O uso de focas-elefante para o mapeamento de massas d’água profundas na Antártida, de tartarugas marinhas para monitorar as condições de temperatura em suas rotas migratórias, ou a utilização de tubarões para rastrear a qualidade da água e a presença de poluentes em áreas costeiras, mostrou a importâncias de se servir de animais como sentinelas ambientais.
Segundo afirmado “a utilização dos próprios habitantes do oceano como colaboradores naturais na coleta de dados promete revolucionar nossa capacidade de monitorar, compreender e proteger o vasto e complexo ambiente marinho”.
No Brasil, está sendo implementado o Programa Nacional de Rastreamento de Animais Marinhos (PNRAM) por intermédio da Rede Nacional de Telemetria Animal Marinha (RAM-BR) com apoio do GOOS-Br (Sistema Brasileiro de Observação dos Oceanos e Estudos do Clima, componente brasileira “Global Ocean Observing System”) e alinhado às iniciativas internacionais de observação dos oceanos.
O PNRAM busca criar e gerenciar uma infraestrutura que permita monitorar animais marinhos e as condições dos oceanos, centralizando e disponibilizando essas informações para pesquisa e gestão. A missão do PNRAM é “estabelecer e manter uma rede de telemetria animal e observação dos oceanos, fornecendo uma plataforma para armazenamento, compartilhamento e análise de dados”.
Carlos Magno Corrêa Dias
23/05/2025