6 de set. de 2023

FEBiano parte de Cascavel para a Galeria dos Imortais.


Sempre é um dia triste quando se recebe a notícia do falecimento de algum dos nobres FEBianos, Cobras Fumantes, Pracinhas do Brasil, que passam a ocupar seus lugares na Galeria dos Imortais Heróis da Pátria.

Dia 30 de agosto de 2023, em Cascavel (PR), foi mais um destes dias infelizes, dado que naquela data ocorreu o passamento do Tenente Mário Ferroni que lutou na Segunda Guerra Mundial defendo o Brasil e a liberdade.

DIAS, C. M. C. - 2023

Natural de Campos Novos (SC) o catarinense Mário Ferroni nasceu no dia 05 de julho de 1919 e embarcou para a Segunda Guerra Mundial no dia 22 de setembro de 1944 no navio de transporte General Meigs junto com seus companheiros do 3° Escalão da FEB (Força Expedicionária Brasileira). Chegou na Itália em 06 de outubro de 1944 e ficou lotado na 4ª Companhia do 2° Batalhão (11º Regimento de Infantaria - Regimento Tiradentes).

Mário Ferroni sempre relatava com tristeza, angústia, dor e sofrimento, os momentos marcantes e terríveis vividos nos sangrentos campos de batalha da Itália. “Sofri muito. Foram dias difíceis, patrulhas perigosas na escuridão da noite, frio intenso. Ou atirava ou morria”, contava Mário Ferroni. “Na guerra aprendi a sofrer, ter paciência e vencer as dificuldades com calma”, acrescentava o Pracinha as vezes com olhos lagrimejando.

O então jovem soldado Mário Ferroni participou da horrível batalha de Monte Castelo, batalha aquela que marcou fortemente a presença da FEB) no conflito e que mostrou ao mundo a capacidade e o talento dos soldados brasileiros diante de toda sorte de dificuldades, sangue e sofrimentos próprios das guerras acrescido de um frio tremendo que chegava aos 18 graus negativos. “Ali, minha companhia teve os primeiros mortos e feridos. Os alemães estavam muito bem entrincheirados e muitos ataques não tiveram êxito, por falhas de estratégia”, contava o velho Cobra Fumante Mário Ferroni.

“Muitos amigos ficaram no Cemitério de Pistóia, outros estavam aleijados e outros ainda, loucos. Nem todos conseguiram suportar tamanha dor”, relatava o lutador Pracinha Mário Ferroni lembrando com profunda tristeza “a crueza das camas vazias” de seus companheiros.

O FEBiano Mário Ferroni, embora homem de grande paciência, teve que enfrentar as agruras da peste suína em 1948 quando, residindo em Vargem Bonita (SC), viu ser dizimada toda a criação de porcos que mantinha em sociedade com o cunhado. O destino lhe reservou mais aquela dor e sofrimento. “Fiquei desanimado, vendi tudo o que sobrou para pagar dívidas e vim para Cascavel. Cheguei aqui em 1953. Minha esposa sofreu um pouco. Para mim, era um paraíso”, contava o guerreiro a despeito das condições adversas.

Nunca desistindo Mário Ferroni, com parte da audição perdida durante a guerra, assumiu vaga de trabalho na Industrial Madeireira do Paraná de Cascavel (PR) onde trabalhou por mais de 34 anos conseguindo criar seus filhos.

Dentre as muitas homenagens e honrarias, sempre insuficientes para agradecer aos Pracinhas, foi concedida a Mário Ferroni, no ano passado, a Medalha Tributo à Força Expedicionária Brasileira a qual se “destina a distinguir civis e militares, nacionais ou estrangeiros, e organizações militares e instituições civis, nacionais ou estrangeiras que tenham praticado ação destacada ou serviço relevante em prol da preservação e difusão da memória histórica da Força Expedicionária Brasileira na Segunda Guerra Mundial”.

Hurra! Hurra! Hurra! Salve, Salve! Salve! Salve COBRA FUMANTE Pracinha FEBiano Mário Ferroni!

Carlos Magno Corrêa Dias
06/09/2023