No dia 29 de setembro de 2022, o ex-Combatente, Pracinha da FEB (Força Expedicionária Brasileira), “Cobra Fumante”, Tenente da Reserva do Exército do Brasil, Herói Internacional que defendeu o Mundo Livre na Segunda Grande Guerra Mundial, o mato-grossense André Ragalzi, com seus mais de 100 anos, deixou este mundo para brilhar eternamente na Galeria dos Imortais.
DIAS, C. M. C. - 2023
André Ragalzi, nascido em 30 de novembro de 1921, em Aquidauana (MS), Tenente reformado do Exército Brasileiro, aos 18 anos integrou no 1º Esquadrão do 10º Regimento de Cavalaria de Bela Vista (MS) e incorporou o 1º Escalão da FEB aquele que foi o primeiro grupo de Soldados Brasileiros que chegaram na Europa para lutar na Segunda Guerra Mundial. O então Soldado Fuzileiro André Ragalzi desembarcou do navio de transporte dos EUA, o General Mann, em 16 de julho de 1944, no porto de Napoles para lutar pelo Brasil; retornando ao Brasil apenas em agosto de 1945 (uma “eternidade” dizia o “Cobra Fumante” André Ragalzi).
E “A COBRA FUMOU” bravo mesmo. O Tenente FUZILEIRO FEBiano André Ragalzi contava com um misto de tristeza e nostalgia: “... Quando pulei da trincheira andei 10 passos, a bomba explodiu e jogou o cabo. Eu escapei por um fio de linha, se tivesse ficado um minuto, eu tinha ido junto com ele também".
André Ragalzi, morava em Jardim a 237 km de Campo Grande (MS) e recebeu seu título de “ex-Combatente” apenas em 1967, de acordo com a Lei número 5.315, de 12/09/1967, segundo a qual se considera “ex-Combatente, para efeito da aplicação do artigo 178 da Constituição do Brasil, todo aquele que tenha participado efetivamente de operações bélicas na Segunda Guerra Mundial como integrante da Força do Exército, da Força Expedicionária Brasileira, da Força Aérea Brasileira, da Marinha de Guerra e da Marinha Mercante, e que, no caso de militar, tivesse sido licenciado do serviço ativo e com isso retornado à vida civil definitivamente”.
Antes de ingressar no Exército Brasileiro André Ragalzi vivia em Aquidauana ajudando os pais no trato da terra e, apaixonado pelo Exército desde pequeno, assim que adquiriu a maioridade desejou ir para guerra por livre e espontânea vontade para defender o seu país.
Todos que conheceram André Ragalzi foram unânimes em enaltecer a coragem do ex-Combatente e o quanto o Pracinha mato-grossense se orgulhava em ter atuado na guerra, principalmente, por ter sido “linha de frente” e enfrentado os “bandidos cara-a-cara”. Atirador de ponto 50 André Ragalzi passou três dias desacordado após a explosão de uma granada poucos segundos depois de ter trocado de posição na trincheira para melhor atirar; o que não o impediu de retornar à linha de frente e seguir lutando até o fim da participação do Brasil naquele confronto insano.
André Ragalzi, sempre com sua eterna boina que amava, nunca foi homem de reclamar muito das questões, mas trouxe da guerra uma dor no joelho que o acompanhou o resto da vida. Dizia que aquela dor surgiu porque quando fazia a ronda a neve batia forte e seguidamente no joelho. Sentia, também, que o reconhecimento dado aos participantes na guerra não foi dos mais entusiásticos e não gostava do fato dos ex-Combatentes não terem a oportunidade de seguir carreira dado que foram dispensados em sua maioria. Em 1963, André Ragalzi passou para a reserva e em 1988 foi reconhecido como Tenente.
Como foi dos primeiros a pisar no solo inimigo André Ragalzi participou de quase todas as ações da FEB, mas recordava com intensidade a Batalha de Monte Castelo e reconhecia ter sido aquele combate o mais duro, sangrento e cruel do qual participou. Presenciou a morte de muito perto e perdeu diversos de seus Companheiros FEBianos ao seu lado. “Era sempre horrível”, dizia o Herói ex-Combatente.
Que seguidamente sejam reconhecidos e fortemente homenageados os bravos Soldados Brasileiros que enfrentaram os horrores e as insanidades da Segunda Grande Guerra Mundial.
Hurra! Hurra! Hurra! Salve, Salve! Salve COBRA FUMANTE Pracinha FEBiano André Ragalzi!
Carlos Magno Corrêa Dias
10/02/2023