5 de jul. de 2021

No caminho da PAZ e do BEM estão os valores de Francisco de Assis.


Dante Alighieri (1265-1321) uma vez afirmou que Giovanni di Pietro di Bernardone (1182-1226), o São Francisco de Assis, foi uma "luz que brilhou sobre o mundo".

Ainda em 2021, indubitavelmente, afirmamos, sem medo de errar, que São Francisco de Assis sempre será aquela "luz que brilhou sobre o mundo".

Dizia São Francisco de Assis: “Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível, e de repente você estará fazendo o impossível”.

Filho de um rico e conceituado comerciante de tecidos de Assis, na Itália, Giovanni di Pietro di Bernardoni nasceu em Assis no dia 5 de julho de 1182. “Giovani” (que traduzido para o português seria “João”) foi, entretanto, rebatizado com o nome de “Francesco” (“Francês”), pois quando de seu nascimento o pai estava na França a negócios e lá havia feito fortuna no comércio de tecidos. O nome “Giovanni” foi escolhido pela mãe, pois era devota de São João Batista.

Francisco di Bernardoni aprendeu a ler, escrever e contar na Escola Episcopal passando a ajudar seu pai no comércio e sendo incentivado fortemente a enriquecer o que era na época uma obsessão.

A partir de 1197 inicia-se um período de instabilidade quando vários nobres iniciaram a disputa pelo trono deixado vago com a morte do imperador romano-germânico Henrique VI (1165-1197) o qual era senhor de grande parte da Itália. No ano seguinte, 1198, Inocêncio III (1160/1161-1216) foi eleito papa, o Ducado de Assis ficou sendo controlado pelo ducado de Spoleto que iniciou a cobrança de pedágio de tudo que passasse pela região e, assim, os mercadores de Assis se revoltaram.

Os revoltosos de Assis, entre 1201 e 1202, se reúnem indignados e combatem a nobreza feudal pelo privilégio do pedágio recebido. Francisco di Bernardoni participa das lutas chegando a ficar preso por quase um ano.

De volta à sua cidade natal, em 1203, Francisco di Bernardoni passa a viver de forma intensa no sentido de “aproveitar a vida” e gastava muito dinheiro da família. Entretanto, percebeu que aquele tipo de vida não era apropriado e resolve que deveria ser cavaleiro e procura os meios para se tornar um.

No caminho que iniciou para encontrar um nobre para servir de escudeiro, condição inicial para se tornar cavaleiro, se comove com a situação dos mendigos que ia encontrando pelo caminho e começou a dar seus pertences na esperança de amenizar o padecimento daqueles mendigos.

Francisco indignado dizia “Como pode haver tanta injustiça, tanto luxo, ao lado de tanta pobreza?”.

Resolve, então, vender boa parte dos tecidos da família por valores muito aquém daqueles praticados no mercado da época e começa a se dedicar a Deus e aos miseráveis.

Conta-se que pela venda dos tecidos sem autorização foi acusado pelo pai de roubo sendo preso pelo próprio pai no porão de casa. A mãe de Francisco o teria libertado, mas continuou a ser perseguido pelo pai. Decidido a seguir a vida religiosa rompe de vez com o pai ao retirar toda roupa que vestia e entregando-a ao pai renunciou, também, a toda herança que lhe cabia.

Em 1208, fez votos de pobreza e começou a pregar sua crença passando a ter seguidores para a formação de uma nova ordem religiosa (uma irmandade mendicante).

Dizia Francisco de Assis: "Ninguém me mostrou o que eu deveria fazer, mas o Altíssimo mesmo me revelou que eu devia viver segundo a forma do santo Evangelho".

Em 1219, foi fundada a “Ordem dos Irmãos Mendigos de Assis" que renunciava a possuir qualquer bem material. A Fé de Francisco de Assis o fazia pensar e agir sem hierarquias ou propriedades particulares, pois que se baseava apenas no Evangelho.

A ideia de Francisco de Assis é que ele e seus seguidores deveriam se sentir “os últimos” até mesmo se comparados com as menores criaturas. Desistir do próprio "eu" em prol da importância do "outro" era sua máxima maior.

Francisco de Assis pregava, também, o necessário respeito a todas as criaturas as quais para Francisco de Assis eram obras de Deus e seus “irmãos. Conta-se que o amor de Francisco de Assis pela Natureza era tanto que ajudava até mesmo os vermes, pois os recolhia e os colocava em um lugar seguro para evitar que fossem pisados pelas pessoas.

Uma outra característica fundamental de Francisco de Assis é que deixou registrado em escritos muitas de suas ideias e mais do que apenas desenvolver sua doutrina a colocou em ações práticas.

Francisco de Assis se servia tanto das palavras e símbolos quanto de gestos e ações práticas para transmitir os ensinamentos de Jesus Cristo ao povo.

Muitas de suas ações passaram a integrar os costumes até hoje sendo a invenção do Presépio uma delas. Historiadores dizem que em 1223, na cidade de Greccio, em uma gruta, Francisco de Assis utilizou a manjedoura e algumas estátuas para formar um Presépio como atualmente é elaborado no mundo todo.

Francisco de Assis tem na manutenção de sua crença positivista sobre a Natureza e sobre o Homem o maior e mais belo de seu legado.

Obediência, Pobreza e Castidade eram a síntese da Boa Nova pregada por Francisco de Assis. Todavia, não se deve tomar os três dogmas de Francisco de Assis no sentido etimológico estrito dos correspondentes vocábulos que os enunciam.

Assim, entenda-se que a Castidade em Francisco de Assis corresponde à pureza de coração, transparência. Casto é todo aquele que é capaz de cuidar da beleza do seu coração e de seus afetos; revelando o melhor de si. Assim, ser verdadeiro é a função da Castidade em Francisco de Assis.

Para Francisco de Assis aceitar a Pobreza é ter condições de viver plenamente na gratuidade da convivência, ser capaz de poder partilhar, ter a sabedoria para tudo por em comum.

Já a Obediência na concepção do Mestre Francisco de Assis significa o acolhimento para perceber o maior e o melhor dado que o obediente é fiel a seus princípios e deles não abre mão.

Assim, no caminho do BEM e da PAZ, em Francisco de Assis, estão o “escutar o valor maior, ter a coragem da partilha, e, garantir a pureza de coração”.

Francisco de Assis foi declarado santo dois anos depois de sua morte pelo Papa Gregório IX (1145-1241) o qual no dia seguinte colocava a pedra fundamental da Basílica de São Francisco de Assis em Assis.

São Francisco de Assis, o Patrono dos Animais e do Meio Ambiente, exaltou a bondade e a maravilha da criação e se dedicou aos mais pobres dos pobres e amou todas as criaturas chamando-as de irmãos.

PAZ e BEM!

Carlos Magno Corrêa Dias
05/07/2021